24 junho 2016

Polícia Federal investiga esquema de corrupção dentro do CARF



Polícia Federal investiga esquema de corrupção dentro do CARF

Operação Zelotes já condenou 10 pessoas envolvidas em esquema de corrupção dentro do CARF, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.


A Operação Zelotes, da Polícia Federal, investiga um esquema de corrupção dentro do CARF, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Dez pessoas já foram até condenadas. Depois do escândalo, o CARF trocou conselheiros e mudou a estrutura de funcionamento para evitar novas fraudes.

Para explicar a função do CARF, imgagine o seguinte exemplo: você recebe uma multa de trânsito, mas não concorda com ela. Você deve pagar? A resposta da maioria das pessoas é a mesma: não, devo  entrar com recurso no Detran. Com o imposto é a mesma coisa - qualquer pessoa ou empresa que não concordar com um cálculo, com uma multa, pode entrar com recurso. Primeiro, em uma das 14 delegacias do CARF. Depois, se não resolver, o contribuinte pode apelar para o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o CARF.
O órgão fica em Brasília, num prédio da área central. O julgamento dos processos são feitos por cerca de oito ou dez conselheiros. Metade deles são representantes do governo, concursados - os auditores fiscais. A outra metade são representantes do contribuinte, e são indicados por entidades do comércio, da indústria, por exemplo. Quem preside o julgamento é sempre um indicado da Fazenda Nacional.
O professor de direito da UFGV, Ary Oswaldo Mattos Filho, explica a composição do julgamento: "A ideia do tribunal paritário é no sentido de que tenham representantes do setor privado e do setor público, para dar um tratamento mais equitativo no julgamento".
Hoje, o CARF tem 116 mil processos aguardando um desfecho. Juntos, somam mais de R$ 573 bilhões e 73% dos recursos são de empresas.
Segundo o procurador federal Frederico Paiva, "o CARF lida com um acervo de recursos muito grande e até então não era um órgão fiscalizado, não era um órgão conhecido das pessoas".  Até que uma investigação iniciada em 2014, a Operação Zelotes, trouxe o nome CARF a público.
O esquema investigado envolve funcionários públicos, advogados e empresas - de bancos a siderúrgicas. E tudo começou quando um dos participantes se sentiu lesado, como conta Paiva: "É curioso, é surreal, mas é isso mesmo. Uma pessoa indignada por não ter sido contemplada com a propina, fez uma denúncia anônima".
A Zelotes investiga um dos maiores esquemas de sonegação de impostos do país. O procurador Frederico Paiva explica o esquema: "É uma organização sofisticada, havia um grupo de intermediários que procuravam as empresas, já com as informações sobre o valor do débito. Essas pessoas alegavam que tinham contatos dentro do CARF e poderiam facilitar a vida das empresas". Segundo a denúncia, conselheiros do CARF foram corrompidos para acatar os recursos das empresas e anular as multas.
A Zelotes já teve sete fases. Foram mais de 700 quebras de sigilo bancário e fiscal, além das escutas telefônicas. Ao todo, 44 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público e 10 já foram condenadas por lavagem de dinheiro, corrupção, formação de quadrilha e extorsão. Os condenados recorrem em liberdade.
Pelos cálculos dos procuradores, 74 processos foram manipulados, levando um prejuízo aos cofres públicos entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões. "O CARF, até a deflagração da Operação Zelotes, era um órgão totalmente propício à corrupção. Os conselheiros indicados eram, normalmente, advogados, que tinham escritório que também atuava no CARF, havia um conflito de interesses evidente", diz Frederico Paiva.
Depois do escândalo, muitos conselheiros saíram. O órgão disse que não restou nenhum suspeito. Mudanças foram feitas na estrutura: redução do número de conselheiros, de 216 para 144; Os conselheiros que representam a entidade são obrigados, agora, a terem dedicação exclusiva, com salário de até R$ 11,4 mil. E o sorteio dos relatores dos processos agora é eletrônico.
O presidente substituto do CARF, Henrique Torres, garante que as mudanças são eficazes para impedir futuros esquemas: "Não tem a menor possibilidade de se direcionar o julgamento para uma turma ou para um conselheiro específico. A Fazenda só tem interesse em arrecadar aquilo que é devido".
Fonte: G1

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